As alternativas criadas para o franqueamento postal: suas características comparadas ao nosso bom e velho selo postal

 Post número 255
Publicado em 16/11/2020

Foto de capa: franquia finlandesa da máquina Hasler utilizada em 1929 em correspondência para Londres.

O selo postal surgiu em 1840, mas com o passar do tempo surgiram formas alternativas para representar o valor pago pelo franqueamento postal. Essas formas alternativas foram empregadas devido ao fato de possuírem características que as diferenciavam dos selos postais.

Serão abordadas aqui quatro categorias de peças postais: os inteiros postais, as franquias mecânicas, as franquias por “porte pago” e as etiquetas de franqueamento.

Inteiros Postais

Os inteiros postais surgiram juntamente com os selos, estes se apresentam em diversas formas e formatos, mas o que todos têm em comum é o fato de possuírem um indicativo de pré-franqueamento.
Isso faz com que estas peças se tornem muito práticas no que diz respeito ao fato de reunirem fórmula (envelope, carta, etc) e o franqueamento pago. 

Porém, o principal motivo de eles serem menos populares é que apesar de serem práticos sob este ponto de vista eles não são práticos por outra ótica, pois o público normalmente leva as correspondências já preparadas para as agências, o que inviabiliza o uso dos inteiros postais.

Inteiros postais: cartão postal do Estado Independente do Congo e envelope dos Estados Unidos.

Outro fator limitante a eles é a padronização dos formatos e tamanhos deles, pois muitas vezes estes podem não se encaixar às necessidades dos clientes.

Mas talvez o fator que mais prejudicou a utilização dos inteiros postais foi a falta de simpatia do público para com este produto. Isso ocorre porque este tipo de peça foi ridicularizado por diversas vezes durante o transcorrer da história dos correios, um exemplo que pode ser citado é a ridicularização que sofreu o envelope “mulready”.

Há diversos exemplos disso que podem ser citados, um deles foi a resistência por grande parte do público em utilizar bilhetes-postais no Brasil, isso ocorria devido ao receio de um carteiro ler o conteúdo da carta.

Franquias Mecânicas

As franquias mecânicas sem dúvida constituem uma interessante categoria de peças filatélicas. As primeiras franquias mecânicas surgiram por volta do final do século XIX em caráter experimental, passaram a ter seu uso expandido a partir da década de 1920 e tiveram seu uso popularizado por todo o mundo.

Exemplos de franquias mecânicas do Canadá e Estados Unidos.

A principal vantagem que ela oferece é que elas carregam consigo o valor impresso desejado, sendo muito úteis em situações em que não há uma grande disponibilidade de selos, ou em situações em que são necessários muitos selos para compor o franqueamento das correspondências, como já ocorreu nas ocasiões em que a inflação estava muito alta.

De todas as formas alternativas elas são uma das que foram mais bem sucedidas em todo o mundo,
substituindo ou complementando o uso dos selos em muitas ocasiões. Porém o que impede que as franquias mecânicas substituam permanentemente os selos é o fato de que estas não tem validade postal, ou seja, elas são utilizadas imediatamente após a sua emissão. Isso sem contar o fato de que hoje seria impensável deixar de emitir os selos devido à pressão gerada pela receita do público filatelista.

Porte pago

As franquias por porte pago constituem talvez a área menos explorada e menos procurada pelos filatelistas, pois estas peças são muito simples e monótonas, deixando assim, de despertar o interesse dos colecionadores. 

Cartas circuladas por porte pago de Hong Kong e Reino Unido.

Se por um lado estas peças não são bem sucedidas no meio filatélico, por outro elas são um verdadeiro sucesso no que condiz o uso postal. Elas são utilizadas pelo correio para remessas de correspondências de grandes empresas, desta forma, o porte das correspondências é pago por contrato, o que reduz o custo total de envio para a empresa, e também aumenta as receitas para o correio, pois este não tem gastos para franquear e também porque este consegue um número maior de envios mediante o contrato.

Entretanto esta modalidade de franqueamento também não foi capaz de substituir os selos, pois este tipo de peça somente é eficaz para o uso de grandes empresas, não sendo uma boa opção para o uso em geral. 

Etiquetas de franqueamento

As etiquetas para franqueamento de cartas e encomendas postais são muito utilizadas em todo o mundo para envio de volumes e outras remessas, esta modalidade de franqueamento substituiu uma grande parcela do uso postal dos selos. 

Etiqueta de encomenda postal sobre envelope com carimbo de primeiro dia e envelope circulado no Reino Unido com grande etiqueta que traz não apenas as informações de franqueamento, como também de entrega.

Porém estas etiquetas também não foram capazes de substituir permanentemente os selos, pois estas só se aplicam ao envio de volumes e/ou remessas expressas. 

Aqui no Brasil as peças mais lembradas pelos colecionadores nesse sentido são as etiquetas para envio de cartas registradas, e encomendas por PAC e SEDEX. Mesmo assim esta modalidade foi capaz de substituir as emissões especiais para envio de encomendas postais.

Conclusão

Vemos assim uma breve análise destas formas de franqueamento postal, vemos que apesar
de cada uma delas terem suas qualidades, elas ainda não foram capazes de substituir a invenção de
Rowland Hill, o nosso bom e velho selo postal.


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