Os Machins - parte 13 - os inteiros postais
Post número 303
Publicado em 13/06/2021
Foto de capa: exemplos de inteiros postais diversos que utilizaram o design machin.
Vimos até aqui como a história dos selos machins é bastante complexa em todos esses anos de história, mas será que o mesmo ocorreu nos inteiros postais? Vamos ver que sim, e que eles são tão interessantes quanto os selos!
Neste post veremos um resumo dos cartões postais, cartas-bilhetes, aerogramas, envelopes e outros inteiros postais que foram emitidos nestes últimos 50 anos no Reino Unido seguindo o design dos machins.
Devido à grande complexidade e tamanho que uma classificação completa teria, a ideia é apenas dar uma amostra das principais características e fatos que moldaram estas emissões.
Cartões postais
Os cartões postais começaram a ser lançados já durante o período monetário pré-decimal. As primeiras emissões tinham o desenho de tamanho semelhante a de um selo, mas trazendo o valor facial e a legenda fora dele. Na época as cores seguiam fielmente a dos selos de 4d, valor da postagem de um cartão postal, tendo mudado de sépia para o vermelho em 1970 quando isso ocorreu nos selos.
Uma curiosidade: foi neste período em que foram emitidos os últimos cartões postais duplos com resposta paga, pois, devido à demanda cada vez menor, eles já não eram necessários.
Com a mudança para o padrão monetário decimal, os cartões passaram a ter o selo fixo em modelo octogonal. Com o tempo, seriam necessários novos cartões para suprir o aumento das tarifas. Para se ter uma ideia, somente na primeira década seriam necessários 8 cartões diferentes que variaram entre 2½ e 8 pence nas tarifas.
Como veremos também em outros formatos de inteiros postais, os cartões postais passaram a ter posteriormente apenas a indicação de serviço e não mais o valor fixo, como forma de evitar diversas emissões com valores diferentes ao longo do tempo.
Faces do cartão postal duplo: a de mensagem de ida e a de resposta
Cartões com selo fixo de 3 e 3½ pence, sendo o segundo com dois selos fixos juntos para compor o valor
Cartas-bilhetes
As primeiras cartas-bilhetes no padrão monetário pré-decimal foram emitidas em 1969, com o selo fixo igual ao dos cartões postais.
O novo design octogonal do padrão monetário decimal surgiu em 1971. As várias mudanças de tarifação fizeram surgir valores entre 2½ e 14 pence na primeira década de emissão destas peças.
Cartas-bilhetes de 4 e 5 pence de 1968 e 1969
Cartas-bilhetes: a última do padrão pré-decimal de 4 pence de 1969 e a primeira do decimal de 2½ pence de 1971
Cartas-bilhetes de 3 pence de 1971 e 3½ pence de 1973
Cartas-bilhetes de 4½ pence de 1974 e 7 pence de 1975
Cartas-bilhetes de 6½ e 8½ pence de 1975
Aerogramas
Em alguns países como no Brasil, as cartas-bilhetes foram substituídas pelos aerogramas, de forma que eles não existissem concomitantemente. Esse não foi o caso do Reino Unido, por lá esses dois formatos de inteiros postais foram produzidos em paralelo por um certo tempo.
No caso dos aerogramas, não foram apenas as mudanças de tarifas que causaram o surgimento sucessivo de novas emissões, mas também algumas emissões comemorativas que traziam peças com os mesmos selos fixos com impressões complementares.
Aerograma de 6½ pence de 1972
Aerograma de 7 pence de 1973
Aerograma de 10½ pence de 1978
Aerograma de 12 pence de 1979
Aerograma de 14 pence de 1980
Aerograma de 14½ pence de 1980
Aerograma de 20 pence de 1981
Aerograma no formato "postnote" no porte de primeira classe de 1982
Aerograma de porte de primeira classe de 1988
Envelopes
Os primeiros envelopes com o design machin foram emitidos em 1969, e diferentemente das peças anteriores, não houve uma diferença no desenho entre as emissões pré e pós mudança de padrão monetário decimal, desde o início, todos tiveram o selo fixo em formato octogonal.
Devido às várias mudanças tarifárias, foram emitidos 16 valores diferentes em cerca de uma década. Para se adaptar melhor a isso, assim como no caso dos aerogramas, foram emitidos a partir do início da década de 1980 os envelopes com descrição de serviço e não de valor.
Envelopes de 3½ e 4½ pence de 1974
Envelopes de 7 e 5½ pence de 1975
Envelope de 1973 com valor alterado de 3 para 3½ pence a partir de uma nova estampa com valor "extra"
Os envelopes para serviço registrado
Apesar destes também terem o formato de envelope, o fato de serem emitidos continuamente de forma exclusiva para o serviço registrado faz com que eles sejam classificados à parte.
Assim como nos casos anteriores, este tipo de peça esteve bastante suscetível às variações de tarifas, além disso, as variações de tamanhos são um fator forte para gerar variações colecionáveis.
Como curiosidade, podemos citar os envelopes para uso exclusivo das forças armadas no exterior. Nesses casos, as peças se diferenciam daquelas disponíveis para uso normal pelas legendas apenas.
Um outro ponto interessante está nos envelopes de serviço indicado sem valor fixo. Devido talvez à falta de espaço, a efígie da rainha foi substituída apenas por uma indicação escrita de porte pago.
Envelope para serviço registrado de 1975 de 23 pence
Envelope de 23 pence de 1975 em formato grande
Envelope de 87 pence de 1981
Envelope de 1983 de 1 libra e 15½ pence
Envelope para serviço registrado de 1987, para o serviço de primeira classe que não traz a efígie da rainha
Os inteiros postais feitos sob demanda privada
Os inteiros postais produzidos sob demanda privada possuem uma enorme história, pois estiveram presentes no portfólio de serviços do correio britânico por 118 anos!
Entre 1855 e 1973 foram produzidos muitos tipos de peças de forma que uma classificação completa delas deve ser um trabalho enorme e complexo, mas o que é importante ressaltar é que o período de utilização dos selos machins coincidiu com o fim destas peças, as quais já não tinham viabilidade econômica devido à queda na demanda que vinha ocorrendo.
Um dos tipos de inteiros postais mais interessantes são os certificados de postagem. Eles constituem uma categoria pouco usual de inteiros postais e tiveram vida bastante curta durante a era vitoriana, tendo sido substituídos por formulários sem poder de franquia. Durante a década de 1970 eles foram emitidos novamente por demanda privada, mas logo deixaram de existir como inteiros postais, sendo novamente substituídos pelos formulários que circulariam com selos normalmente.
Quando falamos nos inteiros postais produzidos sob demanda privada, há uma infinidade de tipos, mas os principais e que esse serviço fica mais claro são aqueles que mostram a marca ou instituição que encomendou a produção das peças. Apesar do cunho privado, elas possuem poder legal de franqueamento como qualquer outro, sendo semelhante aos selos personalizados neste sentido.
Certificado postal de 1971 de 1 penny
Envelope de uso exclusivo da Casa dos Comuns, instituição equivalente à nossa Câmara dos Deputados
Como podemos ver, a história dos inteiros postais com o design machin é complexa e pode ter vários capítulos quando pensamos na enorme quantidade de peças produzidas ao longo destes mais de 50 anos de emissões.
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