A Guerra Fria em selos
Post número 217
Publicado em 22/06/2020
Foto de capa: envelope comemorativo da Conferência de Yalta, evento que marca o início da Guerra Fria.
A Guerra Fria é o período histórico que abrange a maior parte da segunda metade do século XX, iniciando-se ao final da Segunda Guerra Mundial e terminando com a dissolução da União Soviética.
Esse período se caracteriza principalmente pelo não enfrentamento das duas maiores super-potências. Como não poderia ser diferente, esse período influenciou em muito os selos emitidos na época.
O início da Guerra Fria já podia ser notado ainda durante o final da Segunda Guerra Mundial, na qual os aliados ocidentais já começavam a divergir dos soviéticos nas direções que seriam tomadas após o fim da guerra. Isso pode ser percebido nas conferências que iriam decidir o destino dos países derrotados do Eixo, sendo as principais as de Yalta e Potsdam.
Série grega de 1951 comemorativa do Plano Marshall. A Grécia foi um dos países que mais se beneficiaram desse plano naquele momento.
As primeiras movimentações que ocorreram na Europa foram para a obtenção de apoio em ambos os lados, para isso, os americanos criaram o Plano Marshall, uma ajuda financeira para que os países ocidentais pudessem se reconstruir. Ao mesmo tempo, os soviéticos criaram o Plano Molotov, uma ajuda de mesma natureza para os países da "Cortina de Ferro".
Ao final da década de 1940 alguns eventos se destacam como a cisão comunista entre Tito e Stalin, o bloqueio de Berlim Ocidental e a unificação das zonas de ocupação formando as duas Alemanhas. Na virada para a década de 1950 alguns eventos mostravam o acirramento das tensões, como a criação da OTAN e a Guerra Civil Chinesa e o início da Guerra da Coreia.
O ano de 1953 trouxe mudanças nos dois países, nos EUA assumia Eisenhower, enquanto que na URSS Khrushchev subiu ao poder após a morte de Stalin. Apesar das mudanças, o clima entre os países continuou incerto.
Com o crescente poder da OTAN, os soviéticos criaram o Pacto de Varsóvia para ser o seu contraponto militar. A Guerra da Coreia que terminaria em uma divisão fortemente militarizada e na criação de governos ditatoriais em ambos os lados.
Além disso, questões como a Revolução Húngara de 1956 e o acirramento das disputas envolvendo territórios como o de Berlim Ocidental e as regulações armamentistas seguiram sendo sensíveis. Ao mesmo tempo no resto do mundo, muitos países passavam por mudanças influenciadas pela ação direta das duas super-potências.
Selos espanhóis de 1956 em homenagem às crianças húngaras.
Nesse momento a corrida espacial e nuclear passou a ser acelerada entre as potências. Exemplos disso são o lançamento do Sputnik, o primeiro satélite a ser lançado, em 1957 e a viagem de Iuri Gagarin em 1961, do primeiro homem a entrar em órbita; ambas as conquistas foram soviéticas.
Elas buscavam apoiar partidários dentro de cada país, brigando por zonas de influência ao longo do globo. Essa questão ocorreu reforçando os movimentos anti-coloniais e dos não alinhados do terceiro mundo. Os que mais se destacam nesse momento são a ruptura comunista entre a URSS e a China e a Revolução Cubana.
- selo para serviço oficial militar do Vietnã do Sul
- sobretaxa da Alemanha Oriental para o Vietnã do Norte
- selo do Vietnã do Norte comemorando o 2500° avião americano abatido
O início da década de 1960 foi bastante sensível, trazendo os eventos da Invasão da Baía dos Porcos em Cuba e posteriormente a Crise dos Mísseis, a Crise de Berlim que culminou na construção do Muro de Berlim, além da própria Guerra do Vietnã que foi o evento mais marcante daquele momento da Guerra Fria.
Selo chinês em homenagem a Fidel Castro e à Revolução Cubana.
Na transição das décadas de 1960 e 1970 o mundo polarizado passava a ficar mais complexo e as potências precisariam lidar com questões mais difíceis nas relações internacionais. Nesse contexto, podemos incluir como os principais eventos a Primavera de Praga de 1968, a Crise do Petróleo de 1973 e a derrota americana na Guerra do Vietnã em 1975.
Selos emitidos pelos Estados Unidos de 1957 a 1961, homenageando personalidades chamadas de os "campeões da liberdade".
Durante esse período os países passaram a patrocinar intervenções em outras regiões. Os Estados Unidos passavam a voltar suas atenções para a América Latina e Sudeste Asiático e a União Soviética para a África e Oriente Médio.
Selo da Alemanha Oriental em homenagem à amizade soviético-alemã.
Alguns momentos levaram a uma maior tensão, como na Guerra Civil no Camboja, nas independências das colônias portuguesas com intervenções dos dois lados e no golpe de estado no Chile que depôs Allende.
Ocupados com todas essas questões as duas potencias buscaram uma reaproximação, chamada de "détente", na qual os dois países almejavam a coexistência pacífica. Esse período não foi exatamente duradouro, revoluções na Nicarágua, no Irã e no Afeganistão trouxeram de volta os combates entre as partes.
Selo afegão em homenagem à Lênin, um dos líderes do comunismo.
A "Segunda Guerra Fria" tem como ponto central no final dos anos 1970 a intervenção soviética no Afeganistão. A retirada das tropas soviéticas em 1989 não iria evitar que o país continuasse em guerra civil até os anos 2000. Ao mesmo tempo, os americanos se empenhavam em ações semelhantes, como a invasão à Granada, um pequeno país caribenho.
Alguns dos últimos selos de Berlin Ocidental, com a queda do muro, essa entidade política deixou de existir, se tornando "um país morto na filatelia".
Com o governo de Gorbachev, vieram as reformas da glasnost e da perestroika, que visavam reformar a economia e política soviéticas para conter a crise. Se internamente a URSS mostrava fraquezas, no exterior alguns de seus aliados mostravam que a mudança poderia ser rápida, com destaque, podemos citar o Movimento Solidariedade na Polônia e os protestos na Alemanha Oriental.
Selos da reunificação alemã emitidos em 3 de outubro de 1990, mesmo dia em que os dois países foram oficialmente unificados.
Em 1989 a Guerra Fria dava indícios de que chegava bem perto do fim. Sem o apoio soviético, os países da Europa Oriental passavam a fazer a transição para o capitalismo, o Muro de Berlim foi derrubado e a Alemanha unificada. Por fim, a própria União Soviética colapsou em 1991, dando origem a 15 novos estados independentes.
Obviamente este texto é um breve resumo desse longo período e tem como objetivo mostrar apenas alguns de seus aspectos que podem ser vistos na filatelia. Certamente o colecionador que tiver interesse em colecionar este período terá muito material para abordar e colecionar.
Veja também:
As séries romenas das revoluçõesOs presidentes e primeiros-ministros na filatelia
As unificações e separações
Os selos Wardak do Afeganistão
Os selos UNITA de Angola
Minha coleção: Estados Unidos
Minha coleção: Estados Unidos, parte 2
Minha coleção: Rússia
Muito interessante!!
ResponderExcluir