Os blocos: o seu papel e importância na filatelia
Post número 85
Publicado em 18/08/2018
Todos nós filatelistas estamos acostumados com os blocos, mas creio que poucas vezes paramos para pensar em sua importância, e o porquê deles serem emitidos. Este artigo traz uma contextualização dos blocos na filatelia, buscando trazer uma abordagem mais ampla sobre esse tipo de peça filatélica.
"Etimologia" do termo "bloco"
Os blocos também são chamados de souvenir sheet (inglês), blocco foglietto (italiano), hojita (espanhol), briefmarkenblock (alemão) ou bloc feuillet (francês).No Brasil são chamados de bloco comemorativo, ou simplesmente bloco, pessoalmente eu prefiro os termos em espanhol e em inglês, pois em minha opinião eles são mais apropriados para se referir a estas peças, na medida em que “bloco” também pode ser referir a um múltiplo de selos unidos (figura 1).
figura 1: outra definição de bloco - muitos selos unidos |
Penso também que o termo “souvenir sheet” é mais apropriado para se referir aos blocos, a origem deste nome será tratada mais adiante. Mesmo que o termo usado não seja o mais apropriado compreendo que isso não atrapalha na plena compreensão do que representam estas peças filatélicas.
Como este é um termo já enraizado na cultura e tradição filatelista será usado o termo o qual estamos acostumados.
O surgimento dos blocos na filatelia
O primeiro bloco da história da filatelia foi emitido em 1923 pelo Grão-Ducado de Luxemburgo, ele foi emitido em comemoração ao aniversário da princesa Elizabeth (figura 2), Estados Unidos e França foram alguns dos países que logo seguiram a ideia deste pequeno país.Luxemburgo, 1923: primeiro bloco do mundo |
Estados Unidos, 1926: um dos primeiros blocos do mundo homenageou uma exposição filatélica |
Os blocos na filatelia brasileira
Seguindo as tendências internacionais, o Brasil emitiu seu primeiro bloco em 1938. Este bloco foi emitido em comemoração à 1ª Exposição Filatélica Internacional – “Brapex”, que ocorreu no Rio de Janeiro (figura 4).Exposição Brapex de 1938: primeiro bloco brasileiro |
Brasiliana '83: maior série de blocos do Brasil |
As características dos blocos com o passar dos tempos
Como vimos anteriormente, no início os blocos traziam uma pequena diversidade de temas, porém com o passar dos tempos eles passaram a trazer novas temáticas.Outro fator a se considerar é que os blocos passaram por transformações em seu design com o passar dos tempos, pois no início eles normalmente traziam um fundo sem desenho que trazia apenas as legendas explicativas e o(s) selo(s) podiam ou não ser emitidos em multiplicidade dentro do folheto (um exemplo disso é o bloco da figura 6).
Estados Unidos, 1934: comemoração da exposição filatélica nacional, bloco trazendo 6 exemplares do mesmo selo |
Estados Unidos, 1976: múltiplos selos compondo uma imagem |
Blocos com formatos diferentes e produzidos com outros materiais |
A relação entre as entidades postais e a emissão de blocos
Vemos que as entidades postais podem se posicionar de maneira diferente com relação aos blocos, enquanto algumas preferem seguir um programa de emissões com muitos blocos, outras preferem emitir poucas peças assim.Normalmente os países que visam seguir uma programação de emissões mais “enxuta” acabam emitindo poucos blocos, enquanto que aqueles que visam emitir um número maior de peças acabam por emitir mais blocos, podendo ter muitas vezes um comportamento abusivo.
Um exemplo de país que não emitiu muitos blocos é o Reino Unido, para se ter uma ideia, o seu primeiro bloco foi emitido somente em 1978 (figura 10).
Primeiro bloco britânico |
Emissões abusivas: o lado negro dos blocos na filatelia
Infelizmente muitos países emitem uma grande quantidade de selos que não se destinam prioritariamente ao uso postal, as chamadas emissões abusivas. Essas peças filatélicas são emitidas por administrações postais que visam obter ganhos oferecendo essas peças diretamente ao mercado filatélico mundial. Veja também: Uma análise sobre as emissões abusivas: um guia para entender essas emissões.Os blocos constituem um ponto chave das emissões abusivas, visto que estes são mais atraentes e facilitam a venda, é por isso que a maior parte das emissões é composta por uma série de selos e por um ou mais blocos, desta forma, o conjunto todo é oferecido aos filatelistas, aumentando o valor da receita obtida.
Peças assim raramente são vistas com carimbo postal ou sobre envelopes circulados. As emissões abusivas podem ser ainda constituídas por selos e blocos em versões com ou sem picotes. Um exemplo disso são os selos da Guiné Equatorial das décadas de 1970 e 1980, este país geralmente emitia uma série de selos e um bloco com picote e emitia uma série de selos e um bloco também sem picote com alguma diferença de cor ou desenho (figura 11).
Blocos com e sem denteação de uma mesma série |
Os aspectos que influenciam o valor dos blocos
Vemos que os blocos normalmente valem mais que os selos comparando-se selos e blocos que têm a mesma procura. Obviamente isso ocorre devido principalmente ao fator tiragem, ou seja, normalmente os blocos são impressos em menor número.Isso ocorre porque a procura sobre eles é relativamente pequena nas agências postais, pois eles interessam quase que somente aos filatelistas, não são práticos para o uso postal cotidiano.
Como vemos anteriormente, os blocos foram criados para atender ao público filatelista, mas não oferecem praticidade para serem usados nas cartas, pois normalmente são grandes e necessitam de cuidado ao serem colados nas cartas, isso faz com que o trabalho do atendente do correio seja menos proveitoso.
Outro fator que limita a tiragem dos blocos é o valor de custo para produzi-los, pois estes demandam mais papel, tinta, goma entre outros requisitos como energia e trabalho assalariado, isso sem contar que muitos blocos normalmente são produzidos com melhor acabamento, o que aumenta ainda mais os custos.
Porém este fator econômico por si só não é limitante para o número de blocos emitidos, pois o custo maior para produzir os blocos é compensado pela maior procura que existe sobre eles, mas essa procura não é muito maior do que o número de filatelistas existentes.
Desta forma, as entidades postais procuram emitir um número de blocos de modo a satisfazer da melhor maneira possível essa relação entre custo de produção e demanda filatélica, vemos que atualmente países como o Brasil emitem apenas algumas centenas de milhares de blocos, enquanto que outros países onde a filatelia é mais desenvolvida como os Estados Unidos as emissões de blocos chegam a ter uma tiragem que ultrapassa a casa dos milhões.
Ótima postagem...muito esclarecedora..Parabéns...!!!
ResponderExcluirFico feliz que tenha gostado amigo :)
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