Os Machins - parte 15 - histórias de curiosidades interessantes

  Post número 307
Publicado em 05/07/2021, editado pela última vez em 19/09/2021

Foto de capa: folheto de um carnê de luxo temático com a cor verde limão do selo de 6 pence impressa com enorme deslocamento.

Como toda grande série regular, os machins trazem histórias de peças interessantes que surgem com o passar dos tempos. Neste post veremos alguns exemplos que envolvem o surgimento de falsificações e de erros de impressão.

Os machins fantasiosos da Somalilândia

Independente da Somália desde 1991, a Somalilândia é um estado não reconhecido na África. Apesar de sua independência limitada, este estado não reconhecido não parece ter um correio próprio, e consequentemente, não possui selos legítimos. 

É comum encontrarmos no mercado filatélico muitos itens deste suposto país, no entanto, todos estes são selos ilegais, como já foi dito pelo próprio governo de lá. Um dos mais interessantes são os "machins da Somalilândia", selos que teriam sido sobrestampados (em dois tipos diferentes, com e sem estrela) para uso local mas que são tão ilegais quanto os demais deste país.


Na época, a justificativa para o aparecimento destes selos seria a falta de papel apropriado e a urgência em se produzir selos para suprir as demandas postais. Mas na prática, se percebeu que os selos tinham sido produzidos por especuladores, os quais forjaram, ou talvez até tenham conseguido circular alguns selos ludibriando o sistema postal (o qual provavelmente tem funcionado através da ligação com a Etiópia, Arábia Saudita e Iêmen). 


Além disso, podemos imaginar que seria totalmente inviável um país utilizar como base um selo de um monarca da metrópole que o colonizou anteriormente, pois o repúdio do público com certeza seria grande. 

Como podemos ver, esses selos ilegais servem de grande aprendizado sobre a história da Somalilândia e de forma geral, nos diz muito sobre os sistemas postais dos países não reconhecidos.

Podemos citar também outros casos em que foram aplicadas estampas particulares sobre os machins. Nesses casos as que mais aparecem foram as de contexto político ou aquelas de souvenir em exposições filatélicas basicamente.

Sobrestampas privadas aplicadas para propagandas: (1) de um suposto movimento pela autonomia da Cornuália, (2) pela união da Irlanda do Norte com a República da Irlanda (3) e pelo desarmamento do grupo radical IRA.

Os falsos para fraudar o correio

Por falar em falsos, há também aqueles produzidos para fraudar não o colecionador em si, mas o próprio correio. Nesse sentido, talvez o caso mais famoso seja o do selo de 24 pence fraudado em 1993.

Bloco de dez exemplares do 24 pence falso postal

Eles foram produzidos por uma quadrilha que já havia feito falsificações de cédulas e de selos fiscais desde a década de 1980 e a estratégia escolhida foi a de distribuir os selos através de pequenos comércios, como mercadinhos, bancas e pequenas lojas de conveniência. 

Desta forma, o selo de 24 pence, que na época era a tarifa básica de envio de uma carta, seria o melhor alvo. Obviamente não é preciso ressaltar que a qualidade dos selos era muito inferior à dos originais, principalmente pela denteação grossa.

Exemplar falso utilizado em carta em setembro de 1993

Os selos falsos foram encontrados em cartas a partir de maio de 1993, alguns tendo circulado até 1994. É possível também que alguns tenham sido circulados por colecionadores, devido ao interesse causado após a descoberta. 

A quadrilha chamada The Lavender Hill Mob foi presa em 2000 após a investigação dos crimes de falsificação.
Exemplos de machins falsificados com impressões e ou denteações grosseiras mas que passaram pelo controle do correio

Foram vários os casos de falsificações envolvendo os selos machins ao longo dos anos, tendo sido este um dos principais motivos que motivaram a constante modernização dos métodos de impressão destes selos.

"O selo sem a £"

Quando falamos em estudos aprofundados sobre grandes séries, é impossível não entrarmos nos erros e variedades de impressão. No caso dos machins não é diferente.

Selo normal e a variedade sem a libra

Em 2003 foi lançado o valor de duas libras, mas um em cada 400 selos na folha aparecia com uma variedade de impressão bem interessante: faltando o símbolo da libra. 

A variedade ocorreu na linha 18 da primeira coluna das folhas de 200 exemplares. Estima-se que esse erro tenha ocorrido em 35 mil folhas, mas não se sabe ao certo quantos sobreviveram, pois é provável que o correio britânico tenha retirado uma parte delas de circulação após a descoberta do erro.

"O cabelo escuro"


Outra variedade bem interessante é a do ponto escuro no cabelo da rainha. Ela ocorria nos folhetos de carnês dos selos ½p (azul), 2½p (rosa) e 3½p (cinza).

"Os selos com 17 furos"

Outra variedade interessante surgiu em 1984, ela é bem mais sutil mas a sua história é tão interessante quanto!

    
Posição exata e a descrição visual de como estas variedades ocorreram 

Durante uma quebra em um pino de perfuração em uma das três linhas de impressão da empresa Harrison (que produziu parte dos machins), um deles foi reparado de forma errada, fazendo com que fosse inserido um pino a mais. 

Desta forma, um selo que normalmente possui 16 furos passava a ter 17. Por ser uma variedade bem menos visível, o erro passou despercebido até ser remediado somente em 1986! No entanto, por ter sido um erro pontual (o erro ocorreu na terceira linha entre as colunas 1 e 2 na folha apenas) em apenas uma das linhas de produção, não se trata exatamente de uma variedade comum. 

O erro aparece em 16 machins diferentes, mas eles não possuem o mesmo grau de raridade, isso ocorre principalmente porque a produção deles não era distribuída sempre de forma equilibrada entre as três linhas de produção.

Estes são alguns dos valores que trazem esta variedade: 1p, 3p, 12p, 13p, 16p, 17p, 18p, 20½p, 22p, 23p, 24p 26p, 28p e 50p.


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